abril 15, 2010

(em)torno

um sublimar vôo se fez...
no descanso do braço
aquela menina aflita em si mesma queria
um abrigo,
um consolo que fosse...

é difícil pesar os ganhos e perdas
daquela chuva fina
que banhava-lhe o rosto...
o que ela almeja parece inatingível.
como é de propriedade dos devaneios dela.
a ânsia a suga como um relógio
e seu tic-tac, tic-tac, tic-tac...

nada mais parece nítido
só a vontade louca de estar em outro lugar
nada mais a corrói
só aquele desejo insano de se rasgar
ser outra
e não ser mais menina
metamorfosear
como as nuvens
como as ondas

a verdade
[que ela teima em saber que não existe]
não a entende
ou parece não compreendê-la

ainda respira
olha para o nada
mascara-se!
briga com as formigas que lhe sobem a perna
mas cai em si...
levanta a cabeça.
vê as estrelas por entre a chuva que forma
e descobre-se...

já foi...
como o malfadado sentido de viver...

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