abril 16, 2010

alguns assovios

corre vento uivante lá fora
vento que trás de volta o sereno
sereno que bate nas pernas junto com areia fina
da areia, redemoinho...

a chuva forma um sorriso
pingos d'água afagam-lhe as maçãs do rosto
no rosto, ainda de olhos fechados, os lábios pressentem
eis que mesmo passada a hora, ela foi, banhar sua alma...

abril 15, 2010

(em)torno

um sublimar vôo se fez...
no descanso do braço
aquela menina aflita em si mesma queria
um abrigo,
um consolo que fosse...

é difícil pesar os ganhos e perdas
daquela chuva fina
que banhava-lhe o rosto...
o que ela almeja parece inatingível.
como é de propriedade dos devaneios dela.
a ânsia a suga como um relógio
e seu tic-tac, tic-tac, tic-tac...

nada mais parece nítido
só a vontade louca de estar em outro lugar
nada mais a corrói
só aquele desejo insano de se rasgar
ser outra
e não ser mais menina
metamorfosear
como as nuvens
como as ondas

a verdade
[que ela teima em saber que não existe]
não a entende
ou parece não compreendê-la

ainda respira
olha para o nada
mascara-se!
briga com as formigas que lhe sobem a perna
mas cai em si...
levanta a cabeça.
vê as estrelas por entre a chuva que forma
e descobre-se...

já foi...
como o malfadado sentido de viver...