Pisos...
Caminho de pés descalços, manco pelos asfaltos, escorrego nos semáforos. Atravesso a avenida com os carros se aproximando, na intenção de estar em perigo (tola ilusão, o perigo maior reside dentro do próprio peito). Certas luzes aparecem como flashs, no campo de visão hermético, latejam-se as têmporas com as lágrimas a encharcar os pequenos olhos (temporiamente, aliviam-se os fardos). As barreiras de espaço se tornam tão flexíveis que me brotam ânsias de andar sem parar (ando, ando, ando por nenhum lugar, pra chegar em canto algum...) Apenas me basta andar.
+=-
Pingos...
Os ratos estão espalhados pelas ruas. Decrépitos. Baratas e formigas destroçam seus restos. Fomentam visões que muitas vezes não queremos ver. Verosímeis facetas criadas pelos ventos ruidosos. As narinas se enchem num sopro úmido. O cheiro de chuva enevoa o ar e traz indagações momentâneas à cabeça. Os dias de chuva impõem limpezas, adiadas pelo mormaço, mas, agora impreteríveis. Inundo-me de novos focos, outras perspectivas, consternações redundantes. Busco uma expiação e uma reno-ação sobre os pés gelados...
[Gosto de durmir com barulho das gotas na janela, faz devanear...
:]
Linhas...
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..
...
Sinto-me em um não-lugar.
Não faço parte de nada,
Apenas o nada me compõem.
Tremo com a constatação,
Bamboleio como poucas moedas na caneca do mendigo no meio da praça.
Paro com choro contido no canto do olho,
Reconheço-me naquela figura desgarrada no chão,
pedindo, clamando por um olhar, por qualquer coisa que a pertença.
Um segundo depois, volto a respirar,
Vislumbro o entardecer dentro do carro.
Os raios de sol emaranham-se com nuvens de formatos sugestivos.
Busco um fitar no além das perpectivas frustadas...
Vejo-me deitada novamente no chão, a ser pisoteada pela noite...
...
..
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[Saudades de algumas pessoas, de falar bobagem, de conseguir entrar no msn ¬¬
:*** ]